A HIPOCRISIA DO DIA DO ANO NOVO
Neste primeiro dia do ano, queria convocar a todos para cessarmos as nossas hipocrisias, aquelas que são inerentes a todos aqueles que são humanos, ou pelo menos aqueles que se sentem humanos. Quando falo daqueles que são humanos, extingamos de todo nós os animas, sejam eles quais forem, principalmente os de estimação: gatos, cachorros, cobras, lagartos, rinocerontes, galinhas, pintainhos e, para encurtar o texto, todos os animais peçonhentos.
O que queríeis que eu vos desejasse no dia do ano novo? Apenas posso solicitar que tenhas muita saúde, desejo-te mais que isso, alegria e felicidade. Este poeta que vos escreve neste momento não poderia e não pode te desejar nada mais que isso, pois sabe ele que todas as outras coisas que possamos conquistar são efeitos dos nossos atos: nada mais além do que isso. São conjecturas da vida. Da vida renhida, sofrida, vivida, nada mais que os segredos que a vida nos reserva no cotidiano. Da vida, pouca me importa, desgrenhada, como todos os dias o são.
Mesmo assim, desejo-te muitas felicidades, mesmo com todas as suas hipocrisias que bem sei que as têm. Também as tenho. Ora bolas! Sou humano. Pertenço à grande classe de mais de sete bilhões de homens e mulheres e que eu, como uma grande maioria da cristandade acredita, creio também que sou filho de Deus e cristão porque acredito em Jesus Cristo. Porque a força da cruz se desenvolve na fé e se ampara pelo vento pulsante dessa vida crucificada.
Cristão, conforme devo informar-lhes é aquele que acredita na cruz. Porque a cruz com seus braços abertos se emaranha, como telhas de aranha, em nossos sofrimentos e alegrias de todos os anos.
As pessoas se emocionam em ver imagens em seus celulares de pessoas que sacrificaram um filho que estava preso o dedo no dormente do trem. E lá vinha o trem com quatrocentos passageiros. O homem exitou por um momento: se salvava seu filho do trem que iria atropelá-lo, ou se deixava seu filho morrer para então salvar quatrocentas pessoas. No meu tempo, muitos choraram ao ver em seu aparelho essa história que era para se emocionar. Não me emocionei porque muitas vezes já chorei aos pés da minha cruz.
Às vezes, algumas pessoas acham que eu sou chato. São as circunstâncias, os fatos e os acontecimentos diários que a cada dia me deixam ranzinzo, mais velho e mais amadurecido e, acima de tudo, mais conectado com a realidade, a quem sérias revelações cotidianas podem ser reveladas sem nenhuma hipocrisia, pode apostar: as minhas convicções me levam a crer que o homem é o mesmo animal de sempre desde quando Deus expulsou o Adão e Eva do paraíso após o pecado capital. Nisso estou incluído, este pobre mortal que vos escreve.
Não poderia dizer jamais, mas jamais que nisso tem um porém. O porém não existe neste caso. Analisem comigo neste primeiro dia do ano novo. O homem exitou em tirar seu filho do dormente do trem. Ou salvo meu filho, sangue do meu sangue, ou salvo outras quatrocentas pessoas que poderão morrer. Ele deixou seu filho preso ao dormente. O trem o esmagou, mas, aquele pai salvou as outras pessoas às quais o destino não reservou a morte prematura. O homem que deixou seu filho morrer no dormente por onde passaria o trem foi ovacionado com o herói e sua foto foi publicada em jornais e escrita em textos motivacionais na internet e os espertalhões gravaram uma simulação da história com atores e tudo mais que o caso merecesse. E muitos choraram e se emocionaram com a história no dia do ano novo.
O que me intriga neste momento, caro leitor desta crônica é em questionar-me: porque a história de Jesus Cristo não emociona tanto no dia de ano novo e, já está virando lenda no pensamento humano? A história de abnegação e de amor do Filho de Deus é tão mais comovente e séria que a história de quatrocentas pessoas que foram salvas de um acidente de trem e ninguém mais chora por esse caso fatídico e anunciado nas velhas escrituras, principalmente no livro de Isaías.
Ninguém se comove mais porque a história de Jesus Cristo, do seu nascimento, da sua vida pública, da sua entrega à morte para salvar toda a humanidade, deve estar ficando chata igual a mim, este pobre mortal que ainda acha que nada mais comoveu a humanidade e nem a comoverá quanto à entrega do amor de Deus por nós, a ponto de sacrificar seu próprio filho. Digo, não chegarei a ser tão chato a negar esse fato, essa romântica e dramática história da piedade divina para com nós seres viventes.
As pessoas, afirmo-vos, não conseguem e não conseguirão extirpar a hipocrisia que existe dentro delas. Simplesmente porque são humanas. Os animais não são hipócritas, justamente porque são animais e Deus, o Criador do universo, diferenciou até os animais: o homem que pensa e sente - os animais que não pensam e não sentem, mas que nós, os humanos que sentimos e pensamos, às vezes, chegamos á hipocrisia de acharmos que eles também são humanos: dormem até em nossas camas e os tratamos, geralmente como humanos.
Disso, fora nossas poesias e nossos contos de fadas que ainda acreditamos ter passado um dia, chegaremos a uma única conclusão: ou somos muito hipócritas ou nos esquecemos de como foi que Deus criou o mundo.
Na realidade, caro irmão, neste primeiro dia do ano, vamos esquecer-nos de que somos animais. Faremos um acordo agora, eu e você, caro leitor: Vamos ser humildes a partir de agora e não tentar ser mais inteligente que a própria criação divina?
Sabe por quê?
Porque tem muita gente que sabe mais que nós e têm muitos anos de aprendizado à nossa frente. Entre eu e você, caro amigo! Façamos de contas que eu sou um jovem cronista e que você é um jovem ser humano na escola da vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário