Crônica da terça-feira

Terça-Feira, primeiro dia de março, um terço do ano indo pro pau, reunião dos vereadores na Câmara, sempre uma boa opção para os nossos jovens. Para mim, todo dia é especial, ouvir o programa do César, do homem mais sério de Ibaiti, mais justo, aquele que menos está impregnado de pecados, dos pecados originais, capitais...Um bom programa de lazer e cultura. Às oito da manhã, às vezes em ponto, às vezes um pouco atrasadinho, mas sempre ele está em frente a um microfone que de tão grande que a gente tem a impressão que o microfone se parece com o saco de um elefante...
Falar saco, porque não sei se elefante tem pinto...
Não podia deixar de citar o nome do programa IG, pois esse nome tem muitas referências, me lembra a muitas coisas. O âncora do programa me lembra coisas, me traz lembranças das vidas passadas. Lembra-me a morte do Marquinhos Careca que foi enterrado sem sequer receber as condolências dos parentes mais ricos. Morreu 'magrinho', 'sequinho', uma miniatura de gente, um protótipo de ser humano...morreu do jeito que todos vão morrer. A única diferença para a morte que os ricos vão morrer, é que os ricos vão morrer gordos e vão ficar gordos no caixão. O Marquinhos, pobrezinho, morreu magrinho e ficou bem magro no caixão, só voltou a se parecer com gente quando a funerária deu um trato em seus cabelos 'chanel', raspou-lhe a barba, passou-lhe um cheiro...daí ele voltou a ser gente...porém, ele estava morto...
Ele era primo do César, e quando era vivo, falava de boca cheia, com orgulho aos pobres viventes, seus amigos, que ele era primo do César. Tinha orgulho disso. Pediu votos para o César quando César se meteu a candidato a prefeito.
 Coitado! Não recebeu nem a visita do César em seu velório, muito menos em seu enterro. E Marquinhos Careca pensava que César ia em seu velório.
César diz na rádio que visita os bairros para ver buracos, para ver outras coisas, mas não teve tempo de visitar o Marquinhos Careca que era seu primo e que Marquinhos Careca tinha orgulho de dizer que era seu primo...
Mas, fazer o quê!
Pobre que tem parente rico é só prá encher a boca de água mesmo...
O Marquinhos Careca encheu a boca foi é de terra mesmo...
Morreu falando que era primo do César, do parente rico...
Pobre que tem parente rico, tem que parar de falar que tem parente rico, porque parente rico não liga prá parente pobre...
Pobre é pobre e vai morrer pobre...
Rico é rico mesmo e vai morrer rico...
O padre Jorge, homem humilde de coração e de sorriso fácil para com os seus irmãos foi três vezes visitar o Marquinhos. Foi visitá-lo quando ele estava vivo e quando estava morto... E o padre Jorge não era parente de Marquinhos Careca...padre Jorge é  apenas um servo de Deus que se tornou padre para facilitar a vida das pessoas aqui na terra, para se compadecer dos seus pecados...para orientá-los, dar-lhes esperança da vida eterna, mas ele não era parente do Marquinhos Careca..
Da última vez, pediu a Deus que recebesse o seu 'corpinho'  esquelético no reino da eternidade.
Muitos pobres foram ver o Marquinhos, mas a lacuna que ficou, foi a ausência do César... que era o seu parente rico...